I Que apesar dos desafios e dos cansaços, sejamos capazes de reconhecer (e apreciar) o que de bom há em redor de nós. Há sempre muito mais do que somos capazes de ver... Que apesar de todas as vicissitudes, sejamos capazes de encarar cada coisa boa que nos acontece (...)
Crepúsculo. Antes que a noite se faça gigante sobre campos, ruas e telhados, releio os poemas que me escreveste e que ainda hoje desarmam em mim forças poderosas. É esta a melhor hora para tal, para a tua poesia. Tu compreendes todos os significados de um crepúsculo (...)
Eu sei que existem esses lugares secretos. Ficam para lá da hora alta da noite, do bulício das ruas e das gentes apressadas, desconfiadas até da própria sombra. Lugares que são a força motriz por detrás da nossa própria força, e que se encontram bem resguardados (...)
Acordei muito antes das chuvas, antes de todas as eras que ficaram para trás, num caminho absoluto entre mim e os dias do mundo por contar. Porque afinal os séculos têm a dimensão dos minutos que correm loucos nos passeios molhados pela chuva fria, e os minutos estão (...)
Tu sabias o tempo, os passos e os compassos de espera. Não era à toa que manhãs autênticas desciam a encosta da Serra que escorregava até ao teu mar, e sombras se revezavam com musgos e ervas agrestes quando os teus passos rompiam caminhos - só para te saberem ali (...)
Quero o teu olhar demorado em mim, Mar azul esse teu, Sem marés nem ventos Que moldam ondas. Quero o teu olhar perdido em mim, Sombras frescas de pinheiros E perfume adocicado dos loendros Que decoram ruas íntimas por onde andamos. Quero o teu olhar vagaroso em mim, Pene (...)
Um dia, uma noite talvez, Eu cruzei o teu caminho (ou tu, o meu) E houve música felina, cheiro a maré vazia, Vaga-lumes no calor nu fora de horas, Lua cheia e dança de capoeira. Vi-te então na tua escrita E declarei-te alma de poeta, Profeta, Amante nómada que (...)
Manhã limpa, sem vento nem interrogações. Sobe o sol por detrás dos telhados, hoje um sol esbranquiçado apesar do calor denso. Acordam devagar as árvores coloridas, enquanto se agitam as primeiras horas do meu dia. No arrepio do sono que ainda sinto arrepia-se (...)
O tempo parece parar. Ofereço-te esta lua silenciosa que caminha pelo céu claro da noite como rainha, levando ao seu lado uma estrela incógnita. Está muito calor e a brisa morna mal chega para sacudir as folhas já secas dos plátanos, das mélias e das olaias. O (...)
Perdi-me e encontrei-me nesse dia. Não era só o azul. Era esse azul ser ele próprio o próprio mar entornado à minha frente, e que ia até ao azul desmedido do céu selvagem. Era esse azul ser a infinitude de tudo, a grandiosidade que me deixava fazer parte dos (...)