Não há grão de areia que não conheça o peso dos teus passos, nem gaivota que não reconheça a tua silhueta contra o céu aberto que te vê passar. O mar conhece-te bem. Não um mar qualquer, mas esse feito de águas vivas, marés temperamentais, que facilmente se (...)
E o mar já não fala de ti. Apenas se consome secretamente em recordações tuas, que foi acumulando em cada onda quebrada no areal maduro. O céu também parece ter mudado: não procura mais ver-te caminhar pela praia imensa e gélida, nem tenta vasculhar os pensamentos (...)
Chegaste de um mistério Que só agora compreendo... Desvenda-se o segredo: É feito de amor, este amar! E o minuto avança, E o céu muda de cor, Excede-se em grandeza, Numa dança superior De translúcidas palavras Ainda não inventadas Que dançam do teu nome ao meu! Le (...)
Na noite incauta despertam a folia e o exagero. Pelas ruas e salões de baile apinhados, a música embate nos risos e trajes resgatados aos séculos e às tradições. Máscaras carregadas de detalhes coloridos e simbolismo escondem rostos, preocupações, até mesmo, (...)
Tenho em mim a certeza da tua noite. O céu apresenta um tom que se divide entre o azul e o lilás, e parece estranhamente brilhante, todo ele por igual. Ah!, se aqui estivesses! Quantos poemas poderiam ser recitados numa noite assim, que parece colocar tão perto tudo o (...)
O nevoeiro murmura palavras que me levam a ti, palavras com uma sonoridade ímpar que ressoa de tal forma pelos cantos do mundo que jamais deixará de ser ouvida. Conheço-te bem, desde tempos já há muito esquecidos porque há muito que deixaram de ser contados pelo (...)
Está muito frio. Num céu que aumenta a sensação de vazio e de solidão, já brilha a primeira estrela, enorme! Estamos na era das estrelas. Um dia todas elas apagar-se-ão, uma a uma, mas por ora, enchem os céus, os cadernos dos poetas e os corações dos amantes, em (...)
Há mistérios que chegam na hora certa. Trazem com eles o espanto das coisas belas e as certezas que só raramente são alcançadas. Às vezes, uma única vez em toda a vida. São aqueles que ainda hoje percorrem com a sua própria calma toda a vastidão do universo que (...)
Saltita o cão entre as horas novas de um ano também ele novo. Ignora a data impressa no jornal pousado no banco, ao lado do seu humano. Ignora as decorações penduradas nas janelas e na rua, bem como toda a azáfama fora do normal à qual ele assiste à sua volta. São (...)
Encontro-te na manhã de um céu feito de azul imenso. O orvalho enche o chão de cristais que brilham sob um sol desperto, rasgado pelas asas das primeiras aves que se soltam às horas novas. Caminhamos por entre as árvores do teu jardim, ignorando a friagem húmida que (...)