E agora, é manhã! Escolho o sol, O acordar em escala musical, O soletrar poemas Que na noite não se veem E que afinal correm como cometas Atrás dos cães saltitões... Mas é manhã, agora! No calor que embate no dia Entre aves invisíveis E mapas por abrir, Desperta a (...)
Manhã minha Tua Da alma, da rua Das gentes Telhados, Gaivotas e gatos! Manhã que me acorda Recorda, Que pede Chama Arranca da cama, Que envolve, Revolve, Devolve A paz Num dia mais! Manhã que chega No ladrar do Sol Manhã de frescura Palavras, ternura... Manhã sou eu P (...)
Noite. Lua quase cheia num céu estranhamente claro. O luar pálido entra em sussurros pela janela e deixa-se cair como uma melopeia sobre a minha cama, fazendo sobressair o branco dos lençóis. Leio-te com uma calma invulgar. Sem pressa. As palavras parecem evaporar-se (...)
Desenha-me na tua folha De papel branco, liso, Sentido; Desenha-me nua, Crua, tua! Traça os meus traços, Desejos, abraços, Pedaços, Nas paletes tuas E pinta-me Com as cores que tu quiseres! Azul céu, mar seda de oeste; Amarelo girassol, tom mulher; Verde folha, campo poema; V (...)
Acorda-me o sol Que rasga espaços Pela janela indiferente ao meu sono vadio... Afasto sonolenta O lençol de mim Que na noite promiscua Falou-me de ti: Provocou-me, Seduziu-me indecente Em sussurros despejados ao meu corpo solto, Enquanto inocente, Dormia! Euforia... (...)
Hoje é uma daquelas vezes em que a noite poderia ignorar o avançar dos ponteiros do relógio e prolongar-se por mais tempo. Está muito calor, apesar do céu forrado de densas nuvens. Nada se move, nem sequer as folhas do jacarandá que marca a curva do caminho. O (...)
Na hora clandestina da noite sossegada, quando ruas dormem no silêncio amordaçado de um sono que brilha em gotículas mil, desperto eu sob os impulsos que conheço bem. Não quero saber se chove, é uma chuva mansa, que mal se ouve ou sente, e apetece-me. Abro a porta (...)
Mandam nos espaços verdes, citadinos, enquanto saltitam e debicam entre as linhas cruzadas do dia que passa. Insaciáveis na busca do algo mais, são fidalgos do sol que abate a brancura das pedras das casas e dos telhados de cada nação. Solenes, mandam discretamente (...)
Repousa em mim, luz que o sol liberta ao dia. Recebo-te em júbilo, que desce sempre feito mistério, manhã após manhã. Pousa suavemente nesta minha pele que, sem entraves, te espera desde o clarear dos céus. Aquece-me suavemente como beijos que se dão, e acaricia-me (...)
O tempo caminha sob a sua própria vontade, pois não tem como dela escapar: dias e noites sucedem-se num ciclo infindável e desinteressado. Mas é preciso parar. Dar tempo ao próprio tempo. Separar o dia, da noite. E a noite, cúmplice que nunca deserta, já doce me (...)