O mundo pode esperar, eu não. Respira fundo. Devagar. Inspira, expira. Agora abre a porta e deixa-me entrar. Silêncio! Não digas nada, nada perguntes. Que a tua mão se estenda à minha e me conduza até à tua sala fechada ao rebuliço das horas e das ruas apinhadas (...)
Se eu gosto de ti e tu de mim, porque não? É este o tempo e a praia sabe de nós. Podemos sentar-se na areia macia ao toque, dourada e quente sob a luxúria do sol estival. Podemos nela fazer desenhos, construções (um palácio árabe?), escrever palavras cujos (...)
Há mistérios que chegam na hora certa. Trazem com eles o espanto das coisas belas e as certezas que só raramente são alcançadas. Às vezes, uma única vez em toda a vida. São aqueles que ainda hoje percorrem com a sua própria calma toda a vastidão do universo que (...)
Desenha-me na tua folha de papel branco, liso. Sentido. Desenha-me crua, tua, traça todos os meus traços, desejos, abraços e pedaços nas paletes que são tuas. E pinta-me depois, pinta-me toda com as cores que tu quiseres: Azul céu, mar seda de oeste; Amarelo (...)
No rescaldo do calor da noite, trago vestidas em mim palavras tuas que releio. Todas elas compõem agora a fina peça de renda transparente que me envolve, luxurioso toque à minha pele. Os desenhos cruzados uns nos outros são letras que soltas na tua escrita, tornadas (...)
Deixa estar. A caneta e o papel podem esperar, eu não. O vento soprou agora lá fora e já palavras se agitam pelo ar. Vai lá e apanha-as, mas não as prendas em diálogos teus. Deixa-as escorregar por entre os teus dedos sobre a minha pele. Permite que elas caiam (...)
Papel, cola, cordel. Um desenho teu, como modelo. Dobras a rigor, mastro, cabos, está pronto o barco! Do mundo real caídos ao sonho, navegamos? Temos as horas ao abandono e as marés a nosso favor. Bandeira hasteada, velas ao vento, cruzaremos oceanos (num lago ou num (...)