Cabe na Poesia o sonho, Os caminhos e as estrelas, Os silêncios dos abraços, As crianças e esperanças, Todas as pedras das pontes, As gentes, os horizontes As lutas da Humanidade, E as vitórias do dia. Cabem na Poesia Os provérbios antigos, As grandes invenções, Le (...)
Há letras que aparecem pela calada da noite, quando lá fora tudo é silêncio e o tempo está suspenso no frio. Chegam devagar, de forma aleatória, e sentam-se à minha volta. Primeiro uma única letra, tímida, solitária, sem pressa; depois, outra. E outra. Aos (...)
Agora anoitece depressa. Num instante os dias ainda quentes perdem-se no crepúsculo e dão lugar à noite imensa. Fico uns minutos à janela a observar a praceta, enquanto me delicio com o aconchego de um casaco de malha e um café quente, acabado de fazer. Hoje não se (...)
Não sabia se alguma vez eu te iria encontrar, apesar de pressentir que há muito tempo algo indefinido me conduzia em direção a ti. E um dia, encontrei-te. Foi uma espécie de reconhecimento, quando no silêncio quente de uma só noite eu aprendi cada um dos teus (...)
Hoje é uma daquelas vezes em que a noite poderia ignorar o avançar dos ponteiros do relógio e prolongar-se por mais tempo. Está muito calor, apesar do céu forrado de densas nuvens. Nada se move, nem sequer as folhas do jacarandá que marca a curva do caminho. O (...)
Dormem as horas na noite avançada. Apenas o silêncio solene do universo faz-me companhia. Leio-te, gosto de o fazer pela calada da noite plena. Sabes que o faço sempre, não sabes? Ler-te, mesmo quando nada te digo? Sim, não será segredo esse meu vício vagabundo... A (...)
O café acabado de fazer espalha o seu aroma forte no ar. Lá fora sopra um vento gelado que verga copas das árvores e arrasta folhas pelas pedras da calçada. Aconchego-me no casaco de malha que vesti após um banho quente e demorado, que encheu o espaço de um vapor (...)
Patrulha as ruas e os rios, esta minha vontade de ti. E não te vejo. Vê-te a chuva que cai dócil e embriaga instintos que vêm de muito longe. Vê-te o vento quente que traz com ele o calor amante do deserto e te desfaz em desejos que te quebram por dentro. Vê-te a (...)
Há palavras poderosas. Chegam devagar, tímidas, discretas. Cautelosas. Resguardam-se no espaço vazio do papel e aos poucos despem-se, deixam sílabas à solta, letras em festa, ideias que se espalham pelo ar em delicados círculos. Há palavras feitas de todos os mundos (...)
São coloridos os acordares nestas manhãs Feitas dos sorrisos que, rindo, Caem do sol. Nuvens macias trocam segredos No leito nu e morno Do céu esquecido de acordar. Na extensão dos secos prados Descansam bravas, dóceis, Ervas douradas e ondulantes. Conversam com Deuse (...)