Tu sabias o tempo, os passos e os compassos de espera. Não era à toa que manhãs autênticas desciam a encosta da Serra que escorregava até ao teu mar, e sombras se revezavam com musgos e ervas agrestes quando os teus passos rompiam caminhos - só para te saberem ali (...)
Se me encontrares Escreve o meu nome Sobre todos os telhados da cidade Que abrigam ninhos de andorinha E sobre as águas-furtadas de janelas abertas à claridade do rio, Onde o sol catita se senta a ouvir o alegre assobio de algum apaixonado que passa. Escreve o meu (...)
Pararam. Olharam o rasgo dos meteoritos que cruzavam em grupo as nuvens de poeira cósmica, e encontraram a nudez do luar. Perto desse lago vindo de nascentes antigas, mais antigas que a matemática, a música, ou a própria palavra que sulcou desertos, a noite tudo (...)
Quem sabe? Talvez num dia quente de verão, cheio de luz dourada tombada por todos os lados ao mesmo tempo, eu me cruze contigo? Quem sabe? Talvez nesse instante, no abafar da hora alta da tarde, tu me olhes nos olhos e, num reconhecimento caído entre nós (como cai (...)
A noite enchia-se de vida. Quando os passos das pessoas distantes se calavam ao rodar das estrelas no firmamento, já a noite fazia brilhar as enormes folhas das plantas primitivas, e explodiam os perfumes doces das flores sossegadas ao acordar noturno das palavras. As (...)
Se eu gosto de ti e tu de mim, porque não? É este o tempo e a praia sabe de nós. Podemos sentar-se na areia macia ao toque, dourada e quente sob a luxúria do sol estival. Podemos nela fazer desenhos, construções (um palácio árabe?), escrever palavras cujos (...)
Sem um aviso prévio chegaste, numa simbiose perfeita que nesse instante imediato se arrastou por entre sílabas minhas. Chegaste com a rapidez dos segundos do mundo e com a força da trovoada que rasga os céus no auge do verão, trazendo na tua alma a urgência do amor. (...)
Se eu for ter contigo, abraças-me? Deixas que os nossos corpos juntos nesse enlace Esqueçam os olhares curiosos de quem por nós passa E se juntem ainda mais Na ansiedade muda um do outro? Se eu aceitar dar-te a mão, Levas-me pelas ruas abertas A ver casas, montras e (...)
" (...) Não tenho varinha de condão... mas fecha os olhos. Sentes a brisa? Sou eu..." Costumas pensar o mundo como se ele fosse as linhas da palma da tua mão, e foi com essa postura que um dia, há tantos outonos atrás, chegaste a mim, transcendendo tudo e todos. (...)
Nessa tarde, por breves instantes, consegui ter um vislumbre do teu mundo escondido da luz do dia e dos olhares dos outros. É nele que te encontras sozinho perante a melancolia das tuas recordações, o ribombar das emoções, a ousadia dos sonhos, e a liberdade da (...)