Chama-me Silêncio. Chama-me Pedra Nua E desenha em mim carateres antigos, De exóticos significados por decifrar. Bombaim, Capadócia, Singapura. Percorre com as tuas mãos lentas os mapas do meu corpo E deita-me na tua noite que se deita em mim também. Fecha os olhos (...)
Está muito frio. Num céu que aumenta a sensação de vazio e de solidão, já brilha a primeira estrela, enorme! Estamos na era das estrelas. São biliões, só na nossa galáxia. Um dia todas elas apagar-se-ão, uma a uma, mas por ora enchem os céus, os cadernos dos (...)
"A primeira estrela que eu vejo, Realizo o meu desejo..." O Universo expande-se e arrasta tudo com ele. O crepúsculo abre-se por inteiro ao firmamento, e o piar das aves ecoa ao longo do escurecer que vai acendendo os candeeiros de rua. Hoje não há vento nem nevoeiro, (...)
Escrevo-te de longe, tão longe, Para lá de mim mesma, A partir da noite ímpar, desperta do sono vadio, Onde silêncios se colam em brumas E traças se encantam na luz. Contemplei-te certa vez, Num limbo distante, no limiar do Tempo. Quedavas em surreal espanto nas (...)
Do teu coração saiu a lua cheia, Detentora de mitos e marés! O crepúsculo fez-se noite, A noite fez-se Mulher, E cheia de amor, Sentou-se aos teus pés. Escreveste sonetos E essa mulher fui eu. Tu foste dono do Tempo, E o amor aconteceu! Agora é outono, eu (...)
É agora, é este o momento. Vamos passear acima das nuvens? Vamos encarar o sol de frente, abrir os braços ao vento seco que desliza lá no alto e pintar o céu com um novo azul? Vamos saltar por cima das grandes montanhas e deslizar pelas encostas que descem até aos (...)
Lá fora, a noite. Sábia, conhecedora dos dias da Terra e dos segredos do mundo. Lua cheia. Incontáveis estrelas espantam-se com a magnanimidade de tudo o que de bom e de belo ainda existe. Para lá da janela e do jardim, as luzes distantes de casas, ruas, carros. (...)
Deixa-me ser sentido proibido, sentido obrigatório, sentido sem sentido entre todos os teus sentidos. Deixa-me fazer parte dos caminhos imaginários que encurtam as distâncias que nos separam, para me fazeres poema só teu. Torna-me todos os verbos que se passeiam (...)
Se eu pudesse levava-te um pedaço de mar. Não um mar qualquer, mas aquele mar que é cada traço da palma da tua mão. E é teu esse mar, essas praias que vezes sem conta percorreste. É teu e só teu, de hoje em diante, para sempre. Nele és rei, dele és rei. E não (...)
Quem sabe? Talvez num dia quente de verão, cheio de luz dourada tombada por todos os lados ao mesmo tempo, eu me cruze contigo? Quem sabe? Talvez nesse instante, no abafar da hora alta da tarde, tu me olhes nos olhos e, num reconhecimento caído entre nós (como cai (...)