Telhados que se deitam ao sol, abertos ao dia imenso que se estende junto ao rio. Pulsa neles o calor da nova estação, juntamente com o riso do vento que rodopia entre as telhas e os ninhos de andorinha disfarçados sob os beirais. Águas-furtadas deixam voar conversas (...)
És como uma luz que facilmente atravessa tempos e memórias, para iluminar as certezas ambíguas destes dias singulares. Com uma claridade ímpar, clareias espaços onde o deslumbre ainda marca os sentidos indefinidos. Consegues transformar os dias em cetim branco, (...)
A manhã sentou-se a meu lado. Encheu-me de vagares e fez-me todas as promessas do mundo. Falou-me de fé, enquanto a dourada claridade me acolhia doce, no seu colo. No calor do dia que se revelava e despertava em brilhos o campo ao meu redor, certezas tornavam-se (...)
Nada me encanta mais do que aquilo que eu sinto quando após o cinzento dos dias brilha a luz do sol. Algo maior que eu, que todos nós, lembra-me que ainda é possível acreditar, que o sonhar nem sempre é em vão e que temos direito a sermos nós mesmos, com tudo o que (...)
Provas as gélidas carícias que névoas sem perfume deixam abandonadas nas cores desbotadas, as tuas! Embrenhas-te silenciosa, a ti, na densa, branca claridade, sob o peso da suave geada que, como amante, se deita no teu corpo nu, frágil. Devolves-te calada, então, (...)
São coloridos os acordares nestas manhãs feitas dos sorrisos que, rindo, caem do sol. Nuvens macias trocam segredos no leito nu e morno do céu esquecido de acordar. Na extensão dos secos prados descansam bravas, dóceis, ervas douradas e ondulantes. Conversam com Deuses (...)
Tem sido assim nestes dias, desde a madrugada jovem e inocente, até à noite vasta e misteriosa: um nevoeiro cerrado, húmido, branco e brilhante, que atenua estradas, prédios, árvores, candeeiros de rua e humores. Às vezes, parece que passam sombras nas sombras, (...)
Gotas de nobres sentimentos, intensas em silêncio meu, levam no âmago a tristeza que sinto, sentidos vãos, de futuro despidos. Desse amor que te dou, toda de mim, recolho palavras doces tuas, alegrias puras de outrora! Imagens de ti, amor, meu amor, valem todo o peso da (...)
Sento-me nos degraus de madeira que descem do alpendre. Na noite, expande-se ainda o universo que hoje é aconchego do teu abraço no meu. As horas há muito que já partiram para outras esferas. Desfizeram-se como poeira cósmica que se eleva ao céu. Deixaram para trás (...)
Hoje brindo. Brindo à vida, ao estar aqui, ao ter o que tenho e, que sendo tão pouco, é tanto ainda. Brindo a quem sou, com noção de quem fui e de quem poderei vir a ser: hoje, melhor que ontem; e amanhã, melhor que hoje. Brindo às minhas vivências que sempre me (...)