Ah, tu sabes! Há o sabor das manhãs abertas ao mundo, cheias de sonetos e aguarelas, quando sentimentos bons deslizam nas horas paradas no tempo, e risos se cobrem da maciez âmbar do outono! Há as palavras de coloridos versos que se estendem lá longe, onde a linha do (...)
Sei que chegaste há muito, rodeado pelos segundos do mundo e pelos ciclos do sol. Nessa altura todo o teu nome era escrito em maiúsculas, e o seu significado era indefinido. E tanto tu podias ser, ou fazer! Puro pentagrama. Sei que algumas vezes deixaste que o (...)
Se me encontrares Escreve o meu nome Sobre todos os telhados da cidade Que abrigam ninhos de andorinha E sobre as águas-furtadas de janelas abertas à claridade do rio, Onde o sol catita se senta a ouvir o alegre assobio de algum apaixonado que passa. Escreve o meu (...)
Se eu pudesse levava-te um pedaço de mar. Não um mar qualquer, mas aquele mar que é cada traço da palma da tua mão. E é teu esse mar, essas praias que vezes sem conta percorreste. É teu e só teu, de hoje em diante, para sempre. Nele és rei, dele és rei. E não (...)
Embala-te comigo no embalo das primeiras horas do dia, quando os nossos corpos dormitam ainda na claridade que acorda devagar. Embala-te e aconchega-te em mim, só mais um pouco. Na preguiça das horas, repete baixinho aquelas palavras que ecoam desde a formação do (...)
Não há grão de areia que não conheça o peso dos teus passos, nem gaivota que não reconheça a tua silhueta contra o céu aberto que te vê passar. O mar conhece-te bem. Não um mar qualquer, mas esse feito de águas vivas, marés temperamentais, que facilmente se (...)
Manhã minha, Tua, Da alma, da rua, Das gentes, Telhados, Gaivotas e gatos! Manhã que me acorda, Recorda, Que pede, chama, Arranca da cama, Que envolve, Revolve, E devolve A paz Num dia mais! Manhã que chega princesa No ladrar do Sol, Manhã de frescura, Palavras, ternura... (...)
Uma imensa paz. O sol doce de fim de tarde já se desfez todo no ondular salgado das águas mornas, que nos conhecem tão bem. É esta a nossa hora secreta. Pousa a tua mão na minha e conduz-me onde sabes que quero ir. Leva-me ao nosso momento feito de oeste e de maré cheia. (...)
Papel, cola, cordel. Um desenho teu, como modelo. Dobras a rigor, mastro, cabos, está pronto o barco! Do mundo real caídos ao sonho, navegamos? Temos as horas ao abandono e as marés a nosso favor. Bandeira hasteada, velas ao vento, cruzaremos oceanos (num lago ou num (...)
O barulho da chuva a cair contra a janela acorda-me cedo. À chuva miudinha que cai em desalinho, pertence toda a minha nostalgia e todas as minhas vontades. Sopra um vento forte sobre os telhados desolados, os relvados bem cuidados, os carros adormecidos, a praceta vazia (...)