Tenho em mim a certeza da tua noite. O céu apresenta um tom que se divide entre o azul e o lilás, e parece estranhamente brilhante, todo ele por igual. Ah!, se aqui estivesses! Quantos poemas poderiam ser recitados numa noite assim, que parece colocar tão perto tudo o (...)
Talvez a noite saiba mais que nós. Não sei se ela será capaz de intuir o que tantos poemas traçados por mim, por ti, expressam, mas talvez consiga escutar ecos longínquos, de um espaço maior que tudo aquilo que é humanamente alcançável. Sopra um vento contido e (...)
Pressinto-te na claridade do céu pleno de estrelas. Talvez neste momento também estejas a olhar para elas. Acima de nós existe todo um outro mundo, imensidões tremendas, espaços negros onde só o aparente vazio existe. Mas enquanto me devolvo à serenidade fresca da (...)
Às vezes parece-me tudo irreal, ou como um sonho estranho: tu, a tua existência, que aos poucos imprimiste em mim, as palavras que outrora trocamos. Lembro-me de, na altura, pensar que realmente poderias ter vindo de outros mundos longínquos, outras eras, tempos (...)
Há palavras poderosas. Chegam devagar, tímidas, discretas. Cautelosas. Resguardam-se no espaço vazio do papel e aos poucos despem-se, deixam sílabas à solta, letras em festa, ideias que se espalham pelo ar em delicados círculos. Há palavras feitas de todos os mundos (...)
As horas há muito que partiram para outras esferas, desfizeram-se como poeira cósmica que se eleva ao céu, deixaram para trás o dia, os ventos e as vozes. Agora permanecem só os sons da noite, do embalo, da cadência e da rendição ao infinito, ao mistério que me cerca. Sen (...)
O sono faz-se presente mas não quero dormir. Sinto lá fora o apelo da noite, baixinho, quase inaudível. Leve, discreto, solene. Nunca consigo negar-me à vontade da noite quando esse chamamento se faz ouvir. A imensidão do universo que se pressente para lá do visível (...)
Pois um dia chamaste-me e eu ouvi-te, uma voz feita do murmúrio leve da brisa esquecida na noite, quando ecoa o piar da coruja no alto das árvores antigas. Ouvi o teu apelo, senti-o no arrepio da pele nua, ansiosa. Desde aí, quando me chamas, eu escuto e vou ao teu encontro. Acolhe (...)