Escrevo-te de longe, tão longe, Para lá de mim mesma, A partir da noite ímpar, desperta do sono vadio, Onde silêncios se colam em brumas E traças se encantam na luz. Contemplei-te certa vez, Num limbo distante, no limiar do Tempo. Quedavas em surreal espanto nas (...)
Sinto-te novamente parte dessas brumas que parecem ter-te acompanhado de muito longe, até ao aqui e ao agora, para depois, quando finalmente te tinha reconhecido, levarem-te de novo para longe, com elas. Em tempos chegaste altivo, Vagabundo assumido como o último dos (...)
Abraço-te em toda a longitude que um abraço pode ter. No etéreo do horizonte, procedo à soma de todas as equações que te rodeiam em caladas noites, quando submergem as sóbrias palavras que desnudas à tua escrita angular, nas tuas horas que não têm peso, e que te (...)
O sol cai promíscuo de todo o lado ao mesmo tempo. Somos peregrinos neste momento de encontro e reencontro, celebrado pelo zumbido dos insetos que se escondem na erva seca do verão. Não tenhamos pressa. Vamos os dois na manhã que começa? Os dias ainda são promessas, (...)
Estás sempre em dias como o de hoje, quando a chuva cai destemida e incessante ao passar das estrofes num papel rasurado. Nestes dias, veste-me a nostalgia com o cinzento macio do firmamento, e o vento acalma-se enquanto pousa as mãos nos meus ombros promíscuos, num (...)
Se sou tua, tua sou então! Pega nessas palavras, as que desenhas na folha de papel que se abre a ti, e deixa-as cair das tuas ansiosas mãos ao longo de mim! Esperei-te desde o inicio do sempre: ama-me então, que te quero, que já anseio ouvir os murmúrios teus que (...)
Deixo-te partir na vastidão calada do fim de tarde, ou na envolvência do calor que só a mim pertence - porque tu não o compreendes. Do que foi e que já não faz sentido, recolho apenas o teu nome, e deixo-o permanecer num vago deambular por espaços ocos do tempo que (...)