Eu sei que existem esses lugares secretos. Ficam para lá da hora alta da noite, do bulício das ruas e das gentes apressadas, desconfiadas até da própria sombra. Lugares que são a força motriz por detrás da nossa própria força, e que se encontram bem resguardados (...)
Ah, tu sabes! Há o sabor das manhãs abertas ao mundo, cheias de sonetos e aguarelas, quando sentimentos bons deslizam nas horas paradas no tempo, e risos se cobrem da maciez âmbar do outono! Há as palavras de coloridos versos que se estendem lá longe, onde a linha do (...)
Se eu pudesse levava-te um pedaço de mar. Não um mar qualquer, mas aquele mar que é cada traço da palma da tua mão. E é teu esse mar, essas praias que vezes sem conta percorreste. É teu e só teu, de hoje em diante, para sempre. Nele és rei, dele és rei. E não (...)
Não há grão de areia que não conheça o peso dos teus passos, nem gaivota que não reconheça a tua silhueta contra o céu aberto que te vê passar. O mar conhece-te bem. Não um mar qualquer, mas esse feito de águas vivas, marés temperamentais, que facilmente se (...)
Cabe na Poesia o sonho, Os caminhos e as estrelas, Os silêncios dos abraços, As crianças e esperanças, Todas as pedras das pontes, As gentes, os horizontes As lutas da Humanidade, E as vitórias do dia. Cabem na Poesia Os provérbios antigos, As grandes invenções, Le (...)
Encontro-te na manhã de um céu feito de azul imenso. O orvalho enche o chão de cristais que brilham sob um sol desperto, rasgado pelas asas das primeiras aves que se soltam às horas novas. Caminhamos por entre as árvores do teu jardim, ignorando a friagem húmida que (...)
Não sabia se alguma vez eu te iria encontrar, apesar de pressentir que há muito tempo algo indefinido me conduzia em direção a ti. E um dia, encontrei-te. Foi uma espécie de reconhecimento, quando no silêncio quente de uma só noite eu aprendi cada um dos teus (...)
Hoje é uma daquelas vezes em que a noite poderia ignorar o avançar dos ponteiros do relógio e prolongar-se por mais tempo. Está muito calor, apesar do céu forrado de densas nuvens. Nada se move, nem sequer as folhas do jacarandá que marca a curva do caminho. O (...)
Uma imensa paz. O sol doce de fim de tarde já se desfez todo no ondular salgado das águas mornas, que nos conhecem tão bem. É esta a nossa hora secreta. Pousa a tua mão na minha e conduz-me onde sabes que quero ir. Leva-me ao nosso momento feito de oeste e de maré cheia. (...)
Crepúsculo. Hora de mistério e transição, em que só conta o aqui e o agora. Trago-te ao momento. Não há vento, e as horas param vadias no ar estagnado e quente. No intensificar do lusco-fusco, o céu abre-se em tonalidades que rasgam toda a vastidão do horizonte, e (...)