Ah, tu sabes! Há o sabor das manhãs abertas ao mundo, cheias de sonetos e aguarelas, quando sentimentos bons deslizam nas horas paradas no tempo, e risos se cobrem da maciez âmbar do outono! Há as palavras de coloridos versos que se estendem lá longe, onde a linha do (...)
O Universo é o universo: sóbrio, concreto, conciso. Pura matemática, física e química. Não dá para grandes margens. É aquilo e mais nada. O Homem esse sim, movido pelo instinto de sobrevivência e pela curiosidade, procurando alcançar certezas sobre o espaço (...)
Não sabia se alguma vez eu te iria encontrar, apesar de pressentir que há muito tempo algo indefinido me conduzia em direção a ti. E um dia, encontrei-te. Foi uma espécie de reconhecimento, quando no silêncio quente de uma só noite eu aprendi cada um dos teus (...)
Talvez a noite saiba mais que nós. Não sei se ela será capaz de intuir o que tantos poemas traçados por mim, por ti, expressam, mas talvez consiga escutar ecos longínquos, de um espaço maior que tudo aquilo que é humanamente alcançável. Sopra um vento contido e (...)
Dormem as horas na noite avançada. Apenas o silêncio solene do universo faz-me companhia. Leio-te, gosto de o fazer pela calada da noite plena. Sabes que o faço sempre, não sabes? Ler-te, mesmo quando nada te digo? Sim, não será segredo esse meu vício vagabundo... A (...)
Toda a certeza da tarde entrega-me a este único momento, em que o calor imenso me despe sentidos. Sinto em todo o meu corpo o ondular quente da água macia que nela me recebe. É como se fossem lentas carícias tuas perpetuadas no tempo, em mim. A luz opalina e a calmaria (...)
O céu está frio. Tons pálidos, desfeitos, destoados. Não há vento mas um ar gélido e húmido cola-se ao meu rosto. O areal cerca-me liso, vazio, quase sem essência. À minha frente, todo um imenso e desolado mar. Sentada na areia, é a ele que me entrego, é nele (...)
Em fugitiva tarde no discreto frio da estação, chamas crepitantes tingem com reflexos dourados o gentil calor que nos abraça. No rosto meu a tua mão, entregue sem tempo, como fagulhas clandestinas que dançam soltas no ar. Palavras caladas, intuídas, fluem leves nos (...)
A tarde vai a meio. Os raios de sol entram pelas cortinas leves e ondulantes para pousarem no verde das plantas junto à mesa. É neste altura do dia que a sala ganha uma claridade muito peculiar e que provoca um sedutor jogo de luz-sombra. Toda a divisão envolve-se num (...)