Chego ansiosa. Vejo-te ao longe, parado na quietude do teu jardim, à minha espera. Cabelo despenteado pelo vento como nuvem de algodão. Caminho por aquele carreiro entre velhas árvores, o vestido comprido, solto, a esvoaçar. Tu olhas-me. Olhar vivo, brilhante, jovem, (...)
Mexo pensativa o café à minha frente. Sinto sono, ainda é muito cedo. Silêncio solene e adormecido à minha volta. Na rua, sons ainda baixos e discretos: os pássaros que se cumprimentam, as primeiras pessoas que, focadas, se dirigem para os seus trabalhos, cães que (...)
Não é difícil encontrar-te. Quando a lua trocar um olhar com as ondas cristalinas na zona de rebentação, tu estarás lá, no alto do mundo. E eu, em porte altivo e frágil, olhar-te-ei. Crê, ser meu de luz, quando a noite se desnudar em universo peregrino, estaremos (...)
A ti, que vieste do norte ao centro tropeçando na minha vida por amor à escrita e fotografia. 2008. Ligaste-me a avisar que estavas perto do meu local de trabalho e que ias buscar-me para tomarmos um café. Esse aviso-convite feito em cima da hora foi para eu não ter (...)
O dia de trabalho chega ao fim. Sinto um peso a sair de cima dos ombros quando desligo o carro: a noite vai avançada e eu estou oficialmente de folga. Pelo caminho até à porta de casa travo uma luta desigual contra o vento que, teimoso, me empurra para trás. Não é (...)
... e perco-me no sentido do nada remetido a tudo o que és! Terceiro carril. Selada a frágil luz dourada em angelical madrugada, já as tuas mãos em mim conetam o meu corpo a outras esferas: mundos insondáveis, de notas subtis, cristalinas. Já desisti, já me (...)
Tens em ti todas as ondas do teu mar. Na praia deserta e fria que desde o primeiro minuto se estende aos teus pés, és todas essas árvores frondosas, embriagadas, troncos caídos ao abandono das dunas, pegadas na areia gravadas a cada compasso do teu respirar. Inalas o (...)