Fim de dia. As mesas do café estão todas ocupadas. A soma de todas as vozes descontraídas que nos rodeiam, preenchem o ar numa confusão alegre. O inesperado movimento teu que mantém as nossas mãos abraçadas uma à outra, por um momento e outro mais, surpreende-me. O (...)
Acordei muito antes das chuvas, antes de todas as eras que ficaram para trás, num caminho absoluto entre mim e os dias do mundo por contar. Porque afinal os séculos têm a dimensão dos minutos que correm loucos nos passeios molhados pela chuva fria, e os minutos estão (...)
O mundo pode esperar, eu não. Respira fundo. Devagar. Inspira, expira. Agora abre a porta e deixa-me entrar. Silêncio! Não digas nada, nada perguntes. Que a tua mão se estenda à minha e me conduza até à tua sala fechada ao rebuliço das horas e das ruas apinhadas (...)
Saltita o cão entre as horas novas de um ano também ele novo. Ignora a data impressa no jornal pousado no banco, ao lado do seu humano. Ignora as decorações penduradas nas janelas e na rua, bem como toda a azáfama fora do normal à qual ele assiste à sua volta. São (...)
Há caminhos feitos do teu nome traduzido em sombras quebradas, O despir da luz que escorrega do sol presente, cuidado... Percursos onde se devastam formas, cores, Despem-se barulhos, cheiros, Significados indecifráveis; Quando vagos pensamentos alinham-se, Alinhavam-se E (...)
Olhas o jardim que é teu, onde as flores sabem o teu nome e os ramos altos das árvores de fruto te acolhem dia após dia. Gentes passeiam-se por caminhos onde se cruzam com outros como tu, alheios às marés distantes e esquivos à pressa das estações. Cães risonhos (...)
Cedo-me ao silêncio da manhã que pede entrega à calma. Toca Miles Davis. Sem pressa, torno-me parte da música, na dádiva que é ter hoje poder sobre os ponteiros do relógio. No conforto da certeza de não haver pressas neste novo dia, descanso palavras na luz do (...)