Tu sabias o tempo, os passos e os compassos de espera. Não era à toa que manhãs autênticas desciam a encosta da Serra que escorregava até ao teu mar, e sombras se revezavam com musgos e ervas agrestes quando os teus passos rompiam caminhos - só para te saberem ali (...)
Avanças despreocupado pelo teu outono, que se passeia contigo também, entre os verdes e dourados do avançar lento dos dias. Folhas tombadas ao chão rasgam-se sob as tuas passadas, que levantam ao ar o aroma próprio da terra molhada. Ecoam à tua volta os enigmas densos (...)
Sei onde estás neste preciso momento: nessa clareira, onde a tua mente esvoaça para o alto, muito acima das copas das árvores, e a luz morna cai em silêncio na superfície fria do lago, onde criaturas que nunca viste se escondem da tua mente na escuridão profunda das (...)
Outono boreal, Ponto libra. Move-se o sol subtil no tracejado do descansar da terra. Reparte-se a luz em significados místicos, Nas sombras adocicadas que se alargam Ao encurtar morno dos dias. Estação de passagem. Cores de nós rasgadas, Rituais celtas que enaltecem o tom, (...)
Agora sim, tenho a certeza de que vieste com as brumas vagabundas que encobrem as manhãs ainda tímidas. Não sei bem de onde vieram essas névoas rasgadas que te trouxeram com elas. Talvez do outro lado do oceano, onde as cores são vivas, o verão parece eterno e as (...)
Vamos sem pressa, que o dia é paciente. Vamos trilhar caminhos secretos da luz que quebra as sombras e os silêncios. Por entre o tempo esquecido caminhemos, soltos ao deslumbre selvagem da natureza ao nosso redor. Deixemos que folhagens e musgos decorem os nossos passos, (...)
Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Aguardo-te em cada neblina que sobe, onde pinheiros e eucaliptos sopram murmúrios de musgo. Chegaste de longe, quando o Tempo era um só, e os dias sempre se uniam às noites na mudança das estações. Nesses tempos distantes, músicas ecoavam no firmamento e (...)
Tens pairado por aqui e por ali, alheia aos perfumes das gentes, aos cães que correm rua abaixo, aos comboios que sonham em cima do silêncio dos carris. Conversaste com todas as flores do campo e dormitaste no jardim bem cuidado. Viste a manhã chegar sobre os casebres (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma, e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)