"A primeira estrela que eu vejo, Realizo o meu desejo..." O Universo expande-se e arrasta tudo com ele. O crepúsculo abre-se por inteiro ao firmamento, e o piar das aves ecoa ao longo do escurecer que vai acendendo os candeeiros de rua. Hoje não há vento nem nevoeiro, (...)
Embala-te comigo no embalo das primeiras horas do dia, quando os nossos corpos dormitam ainda na claridade que acorda devagar. Embala-te e aconchega-te em mim, só mais um pouco. Na preguiça das horas, repete baixinho aquelas palavras que ecoam desde a formação do (...)
O nevoeiro murmura palavras que me levam a ti, palavras com uma sonoridade ímpar que ressoa de tal forma pelos cantos do mundo que jamais deixará de ser ouvida. Conheço-te bem, desde tempos já há muito esquecidos porque há muito que deixaram de ser contados pelo (...)
Que venhas com a chegada do silêncio das estrelas, com os ciclos lunares que regem marés, com os dois grandes planetas que percorrem juntos o céu ao lado da lua branca. Que tragas os cheiros crus da maresia, da terra quente e amante, do dourado imenso dos campos (...)
Outono boreal, Ponto libra. Move-se o sol subtil no tracejado do descansar da terra. Reparte-se a luz em significados místicos, Nas sombras adocicadas que se alargam Ao encurtar morno dos dias. Estação de passagem. Cores de nós rasgadas, Rituais celtas que enaltecem o tom, (...)
Ao areal de todas as praias do mundo. És feito de infinitude, incontáveis grãos de areia que trazem consigo algo do espaço primordial, onde as primeiras estrelas se formaram e cedo explodiram. Compreendeste muito antes de nós os segredos das nebulosas, a formação da (...)
Era um antigo clube, numa rua desconhecida e recatada. Restrito, ninguém falava dele. Num palco pequeno tocava sempre a mesma banda, com os mesmos fatos, os mesmos instrumentos. Havia um cheiro típico no ar, que lembrava tudo e nada. Parecia trazer algo de misterioso, (...)
Há momentos capazes de mudar toda uma existência. Quando esses momentos acontecem, passado, presente e futuro fundem-se num tempo só. Porque esses momentos são raros pela magia e intensidade que libertam. São momentos de reencontro. Trazem consigo o cheiro da terra (...)
Tem sido assim nestes dias, desde a madrugada, jovem e inocente, até à noite vasta e misteriosa: um nevoeiro cerrado, húmido, branco e brilhante, que disfarça os contornos das estradas, prédios, árvores, candeeiros de rua e humores. Às vezes, parece que passam (...)
A manhã desperta cálida, envolta numa luz frágil, branca e silenciosa. Tudo parece opaco nessa luz: o céu, o sol, as nuvens, a minha vontade. Está frio, enrolo ainda mais o meu corpo na manta quente que o cobre. Ao longe, forma-se subitamente uma camada de nevoeiro (...)