Consegues ouvir-me? Vi-te chegar ainda mesmo antes de saber que te esperava, e senti-te perto, muito antes de ver de perto a demora do impasse no teu rosto calado, e o peso das eras no teu olhar concentrado, cheio de interrogações e admiração. Vi-te chegar sem saber (...)
Crepúsculo. Antes que a noite se faça gigante sobre campos, ruas e telhados, releio os poemas que me escreveste e que ainda hoje desarmam em mim forças poderosas. É esta a melhor hora para tal, para a tua poesia. Tu compreendes todos os significados de um crepúsculo (...)
Quero o teu olhar demorado em mim, Mar azul esse teu, Sem marés nem ventos Que moldam ondas. Quero o teu olhar perdido em mim, Sombras frescas de pinheiros E perfume adocicado dos loendros Que decoram ruas íntimas por onde andamos. Quero o teu olhar vagaroso em mim, Pene (...)
É o teu olhar, tão cheio dos reflexos do mar quando o sol nele embate desejos e devaneios. É a tua voz, espiral de impulsos e infinito, que ressoa dentro de mim como jacarandás em flor, cascatas frescas de poesia, prosa e verão. É esse teu jeito, jeito de quem (...)
Perdi-me e encontrei-me nesse dia. Não era só o azul. Era esse azul ser ele próprio o próprio mar entornado à minha frente, e que ia até ao azul desmedido do céu selvagem. Era esse azul ser a infinitude de tudo, a grandiosidade que me deixava fazer parte dos (...)
Deixa-me ser sentido proibido, sentido obrigatório, sentido sem sentido entre todos os teus sentidos. Deixa-me fazer parte dos caminhos imaginários que encurtam as distâncias que nos separam, para me fazeres poema só teu. Torna-me todos os verbos que se passeiam (...)
Quem sabe? Talvez num dia quente de verão, cheio de luz dourada tombada por todos os lados ao mesmo tempo, eu me cruze contigo? Quem sabe? Talvez nesse instante, no abafar da hora alta da tarde, tu me olhes nos olhos e, num reconhecimento caído entre nós (como cai (...)
Se eu for ter contigo, abraças-me? Deixas que os nossos corpos juntos nesse enlace Esqueçam os olhares curiosos de quem por nós passa E se juntem ainda mais Na ansiedade muda um do outro? Se eu aceitar dar-te a mão, Levas-me pelas ruas abertas A ver casas, montras e (...)
Hoje, abraço-te. Abraço-te num abraço sem planalto nem cansaço, Flores soltas, Beijos carregados na euforia de um regaço Onde pousam conjugações já nossas. Abraço-te, Na certeza de que fazes parte das sílabas que solto na escrita, Numa equação voraz de vontades (...)
Chego pronta para ti, cheia das minhas certezas e resoluções. Recebe-me no infinito silêncio das horas sem fundamento. Deixa que o meu olhar se firme no escuro absoluto no teu, e que todas as palavras-chave não ditas desmoronem sobre nós. Poderemos então trilhar (...)