E foi Primavera outra vez, Com as sombras das nuvens a passarem ligeiras por campinas cheias de verde, E o negro das asas das andorinhas a rasar o branco dos campanários da aldeia. Resquícios do inverno ainda se faziam sentir na dormência da madrugada orvalhada, E (...)
Encontro-te na manhã de um céu feito de azul imenso. O orvalho enche o chão de cristais que brilham sob um sol desperto, rasgado pelas asas das primeiras aves que se soltam às horas novas. Caminhamos por entre as árvores do teu jardim, ignorando a friagem húmida que (...)
É este o momento da nossa singularidade, vem cá. Vês ali ao longe as névoas douradas que se agitam lentamente à subida dos céus? Brumas que repousaram pela calada do escuro, e que agora se esfarrapam, despem, desfazem na luz que deforma e arruma fragilidades? Parecem (...)
Parto na manhã ainda pequena, quando o ar arrepia-se de frio e o orvalho mal começa a derreter-se nas ervas adormecidas. Na hora jovem os telhados húmidos ainda estão despidos de pássaros, e nas estradas vazias só os primeiros raios de sol tocam o gélido alcatrão, (...)
Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Repousa em mim, luz que o sol liberta ao dia. Recebo-te em júbilo, que desce sempre feito mistério, manhã após manhã. Pousa suavemente nesta minha pele que, sem entraves, te espera desde o clarear dos céus. Aquece-me suavemente como beijos que se dão, e acaricia-me (...)
São melancólicos vazios As manhãs que me acordam Com pinceladas de saudades Dos telhados que brilham Em dias de sol. Mas não hoje... Aves voam em círculos Para lá das golfadas Dos dias que chegam ocos. Refletem-se ao céu aberto Troncos de palavras jamais ditas Ou (...)
Chegou a manhã com toda a sua luz, que soa a adocicados beijos (recebidos, dados), e a esperanças com o toque de apetecidos afagos. Entrega-se já o meu sorriso, descuidado, sem pudores, todo ele ao sol, no meu corpo submisso ao dia. O orvalho ousa pulsar agora no (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma, e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)
Quebram-se em raios de luz todas as sombras. Lâminas afiadas feitas de sol descem ao solo onde a tua alma ainda descansa, embrulhada em mantos de folhas soltas. Tens o cheiro da terra fecunda, fresca, húmida e macia. Repousas a cabeça nos dentes-de-leão e trevos que (...)