Manhã de chuva mansa, ininterrupta. Tudo parece abarcar, puxar a si num único abraço ávido, enquanto cai vertical, humilde, frágil e sentida. A paisagem à minha volta parece submissa, rendida já sem força, a essa chuva que veio silenciosa de tantos e secretos (...)
É vago sentido o que o outono derrama no aconchego de douradas tardes e nos cobres alaranjados da luz. São doces os abraços das meigas e cálidas horas que se perdem nas folhas secas, filhas de um tempo maior. É refúgio da brisa que sopra, morna, no cair dos (...)
É esse o teu espírito. Forte. Intenso. Audaz. Livre e libertador. Arrebatador. Pairas no silêncio da tarde com a maciez do tempo que chega. À tua passagem tudo se torna certeza, deslumbre, resolução. E o vento espera, na pausa da hora parada. Nos dourados e castanhos (...)
A manhã desperta cálida, envolta numa luz frágil, branca e silenciosa. Tudo parece opaco nessa luz: o céu, o sol, as nuvens, a minha vontade. Está frio, enrolo ainda mais o meu corpo na manta quente que o cobre. Ao longe, forma-se subitamente uma camada de nevoeiro (...)
A cor é tua. A nostalgia, minha. Esta é a altura certa. Aquela em que nos dias mais curtos a saudade passeia-se nos parques pintados de sol morno. Quando a pálida luz da tarde é aconchego quente nos ombros, e nos bancos frios sentam-se interrogações que evaporam-se (...)
As horas envolvem-me em abraços sem escrúpulos. Não consigo arrancar-me aos minutos e segundos que me prendem os sentidos. Cada avançar de ponteiros marca-me sem questionar a minha vontade. E tudo o que resta é amar as horas que caminham ao meu colo, alheias aos (...)