Pressentimentos levam-me a ti. Em passos indecisos chego ao teu nome. Tímida, deixo-te palavras fugazes. Sempre tu. Nem sei outro caminho que não este... Estou aqui, dentro de um silêncio que é todo teu, quando o sol espanta o fluir da escrita que se dissolve nua no papel. Pressent (...)
Chegaste um dia (há tantos anos!) e tenho hoje a certeza de que és tu quem faz parte dos sonhos que tenho antes de adormecer. Talvez já o tivesse pressentido daquela vez em que caminhamos sem pressa pelo areal selvagem desse Guincho, que é como se fosse teu; ou no (...)
Há letras que aparecem pela calada da noite, quando lá fora tudo é silêncio e o tempo está suspenso no frio. Chegam devagar, de forma aleatória, e sentam-se à minha volta. Primeiro uma única letra, tímida, solitária, sem pressa; depois, outra. E outra. Aos (...)
No silêncio ensurdecedor do cruzar das estações voa magnífica a borboleta, asas finas a lembrar telas frágeis de Picasso, ou antigos vitrais que brilham solenes à contraluz. Mas antes de ser borboleta foi metamorfose. Rasgou ao meio a gravidade, quebrou as leis da (...)
Outono boreal, Ponto libra. Move-se o sol subtil no tracejado do descansar da terra. Reparte-se a luz em significados místicos, Nas sombras adocicadas que se alargam Ao encurtar morno dos dias. Estação de passagem. Cores de nós rasgadas, Rituais celtas que enaltecem o tom, (...)
Desenha-me na tua folha de papel branco, liso. Sentido. Desenha-me crua, tua, traça todos os meus traços, desejos, abraços e pedaços nas paletes que são tuas. E pinta-me depois, pinta-me toda com as cores que tu quiseres: Azul céu, mar seda de oeste; Amarelo (...)
Faço-me vento e parto em busca vã de ti. Sopro nos caminhos que percorres, todos eles feitos papel em branco, onde as palavras que escreves são pedaços escorridos da tua noite e estilhaçam tudo por onde passam. Há esquinas que sabem de ti, conhecem-te o peso dos (...)
Deixa estar. A caneta e o papel podem esperar, eu não. O vento soprou agora lá fora e já palavras se agitam pelo ar. Vai lá e apanha-as, mas não as prendas em diálogos teus. Deixa-as escorregar por entre os teus dedos sobre a minha pele. Permite que elas caiam (...)
Papel, cola, cordel. Um desenho teu, como modelo. Dobras a rigor, mastro, cabos, está pronto o barco! Do mundo real caídos ao sonho, navegamos? Temos as horas ao abandono e as marés a nosso favor. Bandeira hasteada, velas ao vento, cruzaremos oceanos (num lago ou num (...)
Escrevo para ti. Oh!, como tu sabes, que é para ti que eu escrevo! Que não te percas entre pontos e vírgulas, nem fiques renitente entre as minhas reticências. É para ti que escrevo, para que me leias, para que me vejas crua em palavras que se ligam, para que pegues (...)