Dormem as horas na noite avançada. Apenas o silêncio solene do universo faz-me companhia. Leio-te, gosto de o fazer pela calada da noite plena. Sabes que o faço sempre, não sabes? Ler-te, mesmo quando nada te digo? Sim, não será segredo esse meu vício vagabundo... A (...)
No rescaldo do calor da noite, trago vestidas em mim palavras tuas que releio. Todas elas compõem agora a fina peça de renda transparente que me envolve, luxurioso toque à minha pele. Os desenhos cruzados uns nos outros são letras que soltas na tua escrita, tornadas (...)
Escrevo para ti. Oh!, como tu sabes, que é para ti que eu escrevo! Que não te percas entre pontos e vírgulas, nem fiques renitente entre as minhas reticências. É para ti que escrevo, para que me leias, para que me vejas crua em palavras que se ligam, para que pegues (...)
És como um livro cheio dos arabescos do mundo. A capa, figura tua, que aprecio, estudo, avalio. As páginas, pedaços teus feitos papel de lua, onde palavras são constelações, e pontuações fugazes cometas. Em dedos de cuidado, folheio-te, página a página, letras (...)
Guardo para mim todas as belas palavras do mundo. Deslizo como cetim mudo entre as entrelinhas do não dito. A sombra de sentimentos ocultos em lua nova já me despe de maiúsculas seduções. Silêncio... Sou forma nua na penumbra do papel em branco suspenso à minha (...)
Fim de dia na penumbra quente do quarto. Lembro-me de ti, um pensamento vivo, real, insistente. E não o afasto. O tempo parece parar dentro de mim, em meu redor, e fica só a entrega, o sentimento, a vontade. O sonho… e tu. Houve uma altura. Estivemos perto mas o tempo (...)