Vem comigo. Deixa-te ficar apenas nas horas sem tempo que pairam na preguiça da tarde imóvel. Um sol quente faz-nos companhia, senta-se connosco, também. Se o calor for demais, temos leve, a sombra. Sentamos-se onde? Escolhe tu, que a tarde é soalheiro agrado. Na (...)
Olhas o jardim que é teu, onde as flores sabem o teu nome e os ramos altos das árvores de fruto te acolhem dia após dia. Gentes passeiam-se por caminhos onde se cruzam com outros como tu, alheios às marés distantes e esquivos à pressa das estações. Cães risonhos (...)
Vem sentar-te comigo ao sol. Vamos deixar o calor evaporar dos nossos corpos as horas passadas e as ideias esquecidas nalguma curva apertada. Senta-te comigo e soltemos as perguntas sobre a areia quente onde o sal experimentou o horizonte distante, que ainda hoje fala de (...)
Quando após o cinzento demorado dos dias encobertos brilha, limpa e forte, a luz do sol, algo maior lembra-me que ainda é possível acreditar, que o sonhar nem sempre é em vão, e que temos direito a sermos nós mesmos, com tudo o que de bom e menos bom nos caracteriza (...)
Exibe-se a flor, feminina, intensa, bela, poderosa. Mística. Entre todas as outras que a rodeiam, escolheu ser nenúfar e mostra-se ainda mais à lagoa, às outras flores que a cercam, faz-se notar na sua luxúria que sobressai. A todos seduz, provoca, numa sensualidade (...)
A cor é tua. A nostalgia, minha. Esta é a altura certa. Aquela em que nos dias mais curtos a saudade passeia-se nos parques pintados de sol morno. Quando a pálida luz da tarde é aconchego quente nos ombros, e nos bancos frios sentam-se interrogações que evaporam-se (...)
Não longe daqui há um jardim. Na lagoa ensolarada, Onde caiem sombras nómadas e folhas impávidas, Cismam os patos, as rãs, Os nenúfares rijos e sagrados, coroados por libélulas vadias. Tartarugas aos montes trepam pedras redondas, Quentes no calor cru do sol. Bancos (...)