Sei que a tarde te traz de volta a ti mesmo. Há muito tempo que é assim, não é? As tardes pertencem-te, mesmo quando se elevam enormes, tremendamente demoradas, arrastando-se mudas à tua frente! É nessa altura do dia que consegues respirar fundo as sedentas ideias (...)
Acorda-me a chuva vagarosa, lenta, a cantar poesias sobre os campos que se estendem vagos, para lá da praceta bem cuidada. Ervas e flores acomodam as suas raízes e compõem as suas folhas, para receberem as notas musicais cristalinas que a chuva delicada traz. Calam-se (...)
São melancólicos reflexos as manhãs que me acordam com pinceladas de saudades dos telhados que brilham ao sol e das aves que voam em círculos para lá das golfadas dos dias que chegam. Refletem-se ao céu aberto palavras jamais ditas ou deixadas por dizer, e a (...)
A tua infinitude revela-se em vastidão de incontáveis grãos de areia, deitados às carícias do vento que se arrasta ágil, sobre ti. Despes-te do sol, que do alto ilumina-te de altivo dourado e respiras leves poemas esquecidos de apaixonados amantes de outrora. Livre (...)
Nada me encanta mais do que aquilo que eu sinto quando após o cinzento dos dias brilha a luz do sol. Algo maior que eu, que todos nós, lembra-me que ainda é possível acreditar, que o sonhar nem sempre é em vão e que temos direito a sermos nós mesmos, com tudo o que (...)
E finalmente, de novo tu, manhã! Cálida, silenciosa, imensa, toda tu, inteira... beija-me, fresca, minha amante luz! Do outro lado da noite o enigma calado, a incerteza que é o sono, um nada que tudo abate, mas agora tu, manhã plena! Afaga-me em doces nuvens, secret (...)
Podia ser a queda de uma estrela, essa que és tu, afinal. Mas não é assim que te assumo. Continuas a brilhar alto, uma imensa estrela no meio de tantas outras, talvez a mais colorida, que dorme enroscada ao firmamento de veludo. Sei que deixaste expetativas soltas no (...)
Abre-se a tarde em luz. Um sol tímido espreita, finalmente, entre nuvens que ainda marcam presença num céu frio e impiedoso. Do lugar alto onde estás, ficas completamente absorto nessa paisagem sem fronteiras. Misturas-te com os montes e a vegetação, as pedras e os (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos, dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)
O teu nome poderia ser Peregrino. Pelo menos foi assim que te vi naquela noite quente e infinita. Já tudo permanecia longe, no silêncio adormecido: a civilização, as cidades, as suas gentes, os seus cheiros e ruídos. Vi-te de longe. E logo aí senti-te como um (...)