Olá, como estás? Sim, sou eu, Do outro lado do espelho. Tu não me vês quando vês nele os teus traços, Mas sim, estou aqui! Olá, como estás? É sempre um prazer encontrar-te, Quando fascinado te olhas Neste reflexo prateado! Tu não me conheces, Somente a tua imagem, Q (...)
Na noite incauta despertam a folia e o exagero. Pelas ruas e salões de baile apinhados, a música embate nos risos e trajes resgatados aos séculos e às tradições. Máscaras carregadas de detalhes coloridos e simbolismo escondem rostos, preocupações, até mesmo, (...)
O sol cai promíscuo de todo o lado ao mesmo tempo. Somos peregrinos neste momento de encontro e reencontro, Celebrado pelo zumbido dos insetos que se escondem na erva seca do verão. Não tenhamos pressa, Vamos os dois na manhã que começa? Os dias ainda são promessas, (...)
Parto na manhã ainda pequena, quando o ar arrepia-se de frio e o orvalho mal começa a derreter-se nas ervas adormecidas. Na hora jovem os telhados húmidos ainda estão despidos de pássaros, e nas estradas vazias só os primeiros raios de sol tocam o gélido alcatrão, (...)
Vem comigo, Deixa-te ficar apenas, Nas horas sem tempo Que pairam na preguiça da tarde imóvel. Um sol quente faz-nos companhia, Senta-se connosco, também; E se o calor for demais, Temos leve, a sombra. Sentamos-se onde? Escolhe tu, Que a tarde é soalheiro agrado. Na (...)
São melancólicos vazios As manhãs que me acordam Com pinceladas de saudades Dos telhados que brilham Em dias de sol. Mas não hoje... Aves voam em círculos Para lá das golfadas Dos dias que chegam ocos. Refletem-se ao céu aberto Troncos de palavras jamais ditas Ou (...)
Chamaste-me na noite sóbria quando a brisa calava mundos dentro de nós. O Universo aproximou-se silencioso, deitou-se luminoso em nosso redor, cedendo-nos clarões de imensas estrelas que seriam nossas. No nada, gerou-se tudo, quando sentados no espaço sem caos (...)
Ao viajante do mundo. Em braços teus de luz (Onde chuva fina dança) Entorno-te tórrida a alma toda Feita das horas transparentes. Descobre-me devagar, Com dedos peregrinos, Ousadia esquiva, Sentimentos de renda e cetim Da noite que chega jovem. Acendem-se luzes. Molha (...)
Em fugitiva tarde no discreto frio da estação, chamas crepitantes tingem com reflexos dourados o gentil calor que nos abraça. No rosto meu a tua mão, entregue sem tempo, como fagulhas clandestinas que dançam soltas no ar. Palavras caladas, intuídas, fluem leves nos (...)
Pois um dia chamaste-me e eu ouvi-te, uma voz feita do murmúrio leve da brisa esquecida na noite, quando ecoa o piar da coruja no alto das árvores antigas. Ouvi o teu apelo, senti-o no arrepio da pele nua, ansiosa, e desde aí, quando me chamas, eu escuto e vou ao teu encontro. Acol (...)