Que venhas com a chegada do silêncio das estrelas, com os ciclos lunares que regem marés, com os dois grandes planetas que percorrem juntos o céu ao lado da lua branca. Que tragas os cheiros crus da maresia, da terra quente e amante, do dourado imenso dos campos (...)
Papel, cola, cordel. Um desenho teu, como modelo. Dobras a rigor, mastro, cabos, está pronto o barco! Do mundo real caídos ao sonho, navegamos? Temos as horas ao abandono e as marés a nosso favor. Bandeira hasteada, velas ao vento, cruzaremos oceanos (num lago ou num (...)
Vamos sem pressa, que o dia é paciente. Vamos trilhar caminhos secretos da luz que quebra as sombras e os silêncios. Por entre o tempo esquecido caminhemos, soltos ao deslumbre selvagem da natureza ao nosso redor. Deixemos que folhagens e musgos decorem os nossos passos, (...)
Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Vens já perto, vens de longe, de terras de sorrisos quentes e sonhos frescos. Atravessaste charnecas onde dourados cobrem campos, e vales de sombras azuis que acolhem. Acompanhaste, a partir da imensidão dos céus, o curso dos riachos que descem as montanhas; e a tua (...)
Deixa-te ficar neste embalo cadenciado da chuva que cai. Deixa-te estar amor ao meu lado, enquanto gotas brilhantes sorriem ao cair tontas de alegria de um apaixonado céu. Posso aconchegar-me a ti, no calor selvagem que do teu corpo se liberta? Escuta! Ainda cantam, (...)
Dá-me a tua mão. Deixa-me levar-te lá fora onde a noite se mostra. No horizonte, uma lua cheia sobe magnífica num céu de seda. Uma brisa morna sopra alto para lá dos cumes das serras embaladas na imensidão, onde as aves dormem das horas passadas. As águas do riacho (...)
Não longe daqui há um jardim. Na lagoa ensolarada, Onde caiem sombras nómadas e folhas impávidas, Cismam os patos, as rãs, Os nenúfares rijos e sagrados, coroados por libélulas vadias. Tartarugas aos montes trepam pedras redondas, Quentes no calor cru do sol. Bancos (...)