Se eu pudesse levava-te um pedaço de mar. Não um mar qualquer, mas aquele mar que é cada traço da palma da tua mão. E é teu esse mar, essas praias que vezes sem conta percorreste. É teu e só teu, de hoje em diante, para sempre. Nele és rei, dele és rei. E não (...)
Não há grão de areia que não conheça o peso dos teus passos, nem gaivota que não reconheça a tua silhueta contra o céu aberto que te vê passar. O mar conhece-te bem. Não um mar qualquer, mas esse feito de águas vivas, marés temperamentais, que facilmente se (...)
" (...) Não tenho varinha de condão... mas fecha os olhos. Sentes a brisa? Sou eu..." Costumas pensar o mundo como se ele fosse as linhas da palma da tua mão, e foi com essa postura que um dia, há tantos outonos atrás, chegaste a mim, transcendendo tudo e todos. (...)
Há mistérios que chegam na hora certa. Trazem com eles o espanto das coisas belas e as certezas que só raramente são alcançadas. Às vezes, uma única vez em toda a vida. São aqueles que ainda hoje percorrem com a sua própria calma toda a vastidão do universo que (...)
O teu olhar de mistério há muito que arrebatou as certezas onde eu me escondia, e agora já não sei caminhar por ti sem me perder no sentido de tudo o que és! E tantas vezes caminho submissa pelo caminho que tem o teu nome, sem precisar de mapas ou bússolas para te (...)
Agora sim, tenho a certeza de que vieste com as brumas vagabundas que encobrem as manhãs ainda tímidas. Não sei bem de onde vieram essas névoas rasgadas que te trouxeram com elas. Talvez do outro lado do oceano, onde as cores são vivas, o verão parece eterno e as (...)
Anos passaram. Invernos, verões, dias, noites. Agora, inesperadamente tu, de novo, chegado no embalo do dia fresco e do vento gentil. Secretamente, nuvens nos céus fechados vigiavam o teu retorno. Na chegada da manhã, as horas quase pararam num pressentimento forte, (...)
Vem sentar-te comigo ao sol. Vamos deixar o calor evaporar dos nossos corpos as horas passadas e as ideias esquecidas nalguma curva apertada. Senta-te comigo e soltemos as perguntas sobre a areia quente onde o sal experimentou o horizonte distante, que ainda hoje fala de (...)
Podia ser a queda de uma estrela, essa que és tu, afinal. Mas não é assim que te assumo. Continuas a brilhar alto, uma imensa estrela no meio de tantas outras, talvez a mais colorida que dorme enroscada ao firmamento de veludo. Sei que deixaste expetativas soltas no (...)
É cedo ainda. Passeio pela praia. A maré cheia da noite passada deixou o areal molhado até ao paredão. Por todo o lado, pegadas de gaivotas e ramos partidos. Mais à frente, dois cães perseguem aos saltos um pombo solitário, que parece divertir-se com a situação, (...)