Um dia, uma noite talvez, Eu cruzei o teu caminho (ou tu, o meu) E houve música felina, cheiro a maré vazia, Vaga-lumes no calor nu fora de horas, Lua cheia e dança de capoeira. Vi-te então na tua escrita E declarei-te alma de poeta, Profeta, Amante nómada que (...)
Sem um aviso prévio chegaste, numa simbiose perfeita que nesse instante imediato se arrastou por entre sílabas minhas. Chegaste com a rapidez dos segundos do mundo e com a força da trovoada que rasga os céus no auge do verão, trazendo na tua alma a urgência do amor. (...)
Hoje, abraço-te. Abraço-te num abraço sem planalto nem cansaço, Flores soltas, Beijos carregados na euforia de um regaço Onde pousam conjugações já nossas. Abraço-te, Na certeza de que fazes parte das sílabas que solto na escrita, Numa equação voraz de vontades (...)
O nevoeiro murmura palavras que me levam a ti, palavras com uma sonoridade ímpar que ressoa de tal forma pelos cantos do mundo que jamais deixará de ser ouvida. Conheço-te bem, desde tempos já há muito esquecidos porque há muito que deixaram de ser contados pelo (...)
Há letras que aparecem pela calada da noite, quando lá fora tudo é silêncio e o tempo está suspenso no frio. Chegam devagar, de forma aleatória, e sentam-se à minha volta. Primeiro uma única letra, tímida, solitária, sem pressa; depois, outra. E outra. Aos (...)
E se tiver que chover, Que chova! Que do céu cinzento Interrogativo, calado, Chovam poemas antigos, Tempos distantes, Músicas de outrora! Que se soltem odores E se abram cores Na superfície dos meus sentidos Que inocentes a ti se rendem. Se tiver que chover, Que chova! (...)
Tarde cinzenta, de muito calor. Um vento seco sopra com força, num de repente sem sentido. As folhas das árvores estão agitadas, barulhentas, pressentindo a trovoada que está para chegar. Chegaste tu, antes do ribombar do trovão. Sem um aviso prévio surgiste, uma (...)
Poderia brindar ao sonho de contigo sonhar, Ou Poderia beber Provando a prova que peço para decidir Se te procuro ou esqueço! Poderia saborear o encontrar de noites tuas, (Nuas) Encostadas em mim. Mas enfim! Assim, Brindo apenas, é claro, Às sílabas que te espalho E (...)
Hoje é uma daquelas vezes em que a noite poderia ignorar o avançar dos ponteiros do relógio e prolongar-se por mais tempo. Está muito calor, apesar do céu forrado de densas nuvens. Nada se move, nem sequer as folhas do jacarandá que marca a curva do caminho. O (...)
Há manhãs que descem rodeadas por um sentido de oculto, algo escondido nas névoas criadas pelo evaporar da forte geada tombada nas longas horas da noite. O sol é apenas uma ténue claridade num céu estranho, desfocado em várias dimensões, e até a luz é húmida e (...)