E o mar já não fala de ti. Apenas se consome secretamente em recordações tuas, que foi acumulando em cada onda quebrada no areal maduro. O céu também parece ter mudado: não procura mais ver-te caminhar pela praia imensa e gélida, nem tenta vasculhar os pensamentos (...)
Está frio. O mar apresenta uma tonalidade que faz lembrar o chumbo derretido. No areal de aspeto triste, vago, só algumas gaivotas meditam a tarde cinzenta. Não estou lá mas sei. Sei que antes de caminhares pela praia desolada, estiveste ausente de ti, perdido nos teus (...)
Tens em ti todas as ondas do teu mar. Na praia deserta e fria que desde o primeiro minuto se estende aos teus pés, és todas essas árvores frondosas, embriagadas, troncos caídos ao abandono das dunas, pegadas na areia gravadas a cada compasso do teu respirar. Inalas o (...)