O nevoeiro murmura palavras que me levam a ti, palavras com uma sonoridade ímpar que ressoa de tal forma pelos cantos do mundo que jamais deixará de ser ouvida. Conheço-te bem, desde tempos já há muito esquecidos porque há muito que deixaram de ser contados pelo (...)
Chego pronta para ti, cheia das minhas certezas e resoluções. Recebe-me no infinito silêncio das horas sem fundamento. Deixa que o meu olhar se firme no escuro absoluto no teu, e que todas as palavras-chave não ditas desmoronem sobre nós. Poderemos então trilhar (...)
Noite. Lua quase cheia num céu estranhamente claro. O luar pálido entra em sussurros pela janela e deixa-se cair como uma melopeia sobre a minha cama, fazendo sobressair o branco dos lençóis. Leio-te com uma calma invulgar. Sem pressa. As palavras parecem evaporar-se (...)
Acorda-me o sol que rasga espaços pela janela indiferente ao meu sono vadio. Sonolenta, afasto de mim o lençol que na noite passada provocou-me, seduziu-me de forma promíscua, falou-me de ti, sussurros despejados no meu corpo solto enquanto eu, inocente, dormia... Agora (...)
Ao fim do dia, quando tudo é escuro e mistério, sonhos parecem sentar-se em frente ao crepitar de uma fogueira. Nas fagulhas que estalam desordenadas no ar, os sonhos veem todas as estrelas do firmamento, todos os ventos que varrem a Terra, todas as grandes montanhas (...)
Pois um dia chamaste-me e eu ouvi-te, uma voz feita do murmúrio leve da brisa esquecida na noite, quando ecoa o piar da coruja no alto das árvores antigas. Ouvi o teu apelo, senti-o no arrepio da pele nua, ansiosa. Desde aí, quando me chamas, eu escuto e vou ao teu encontro. Acolhe (...)
À janela aproveito o ar fresco que o fim de tarde traz consigo. O céu apresenta-se com nuances aveludadas que vão do azul pálido ao roxo, passando pelo magenta e cor de laranja. Torna-se difícil perceber onde começa e acaba cada camada de cor que pinta o amplo (...)