Esvoaça a folha seca nas rajadas do vento impiedoso. Enquanto altiva expõe a sua cor dourada pelas janelas e parapeitos por onde passa, esconde nos seus veios sem vida um pouco do verão que se afasta de ombros descaídos, contendo muito a custo suspiros melancólicos. S (...)
Fim de dia. As mesas do café estão todas ocupadas. A soma de todas as vozes descontraídas que nos rodeiam saturam o ar numa confusão alegre. O inesperado movimento teu que mantém as nossas mãos abraçadas uma à outra, por um momento e outro mais, surpreende-me (...)
Talvez o vento já me tivesse falado de ti. Não um vento qualquer mas uma brisa cálida, daquelas feitas de arabescos que percorrem as estradas secas e quentes das aldeias em tardes cor de âmbar, quando o verão domina os pontos cardeais e nos beirais andorinhas observam (...)
"A primeira estrela que eu vejo, Realizo o meu desejo..." O Universo expande-se e arrasta tudo com ele. O crepúsculo abre-se por inteiro ao firmamento, e o piar das aves ecoa ao longo do escurecer que vai acendendo os candeeiros de rua. Hoje não há vento nem nevoeiro, (...)
Quero o teu olhar demorado em mim, Mar azul esse teu, Sem marés nem ventos Que moldam ondas. Quero o teu olhar perdido em mim, Sombras frescas de pinheiros E perfume adocicado dos loendros Que decoram ruas íntimas por onde andamos. Quero o teu olhar vagaroso em mim, Pene (...)
Sei que chegaste há muito, rodeado pelos segundos do mundo e pelos ciclos do sol. Nessa altura todo o teu nome era escrito em maiúsculas, e o seu significado era indefinido. E tanto tu podias ser, ou fazer! Puro pentagrama. Sei que algumas vezes deixaste que o (...)
Manhã limpa, sem vento nem interrogações. Sobe o sol por detrás dos telhados, hoje um sol esbranquiçado apesar do calor denso. Acordam devagar as árvores coloridas, enquanto se agitam as primeiras horas do meu dia. No arrepio do sono que ainda sinto arrepia-se (...)
Escrevo-te de longe, tão longe, Para lá de mim mesma, A partir da noite ímpar, desperta do sono vadio, Onde silêncios se colam em brumas E traças se encantam na luz. Contemplei-te certa vez, Num limbo distante, no limiar do Tempo. Quedavas em surreal espanto nas (...)
Ah, se soubesses! É o teu nome, sempre o teu nome, vogais e consoantes feitas do vento que sopra na noite louca lá fora, e que quero sentir por toda a minha pele tão cheia de calor. É por isso que hoje eu recuso-me a fechar a janela, porque eu quero provar o roçar (...)
É agora, é este o momento. Vamos passear acima das nuvens? Vamos encarar o sol de frente, abrir os braços ao vento seco que desliza lá no alto e pintar o céu com um novo azul? Vamos saltar por cima das grandes montanhas e deslizar pelas encostas que descem até aos (...)