A conversa permanece fluída entre nós mas só as tuas mãos me aquecem nestes dias de frio extremo - porque as palavras, indefesas que são, gelam assim que embatem nos céus negros e ocos que nos quebram. Por isso, por ora, deixa as palavras repousarem no silêncio onde (...)
Esvoaça a folha seca nas rajadas do vento impiedoso. Enquanto altiva expõe a sua cor dourada pelas janelas e parapeitos por onde passa, esconde nos seus veios sem vida um pouco do verão que se afasta de ombros descaídos, contendo muito a custo suspiros melancólicos. S (...)
Foi fácil chegar a ti, quando tu vieste de um tempo tão longínquo só para chegares a mim também. Os teus olhos eram o perfume que a terra seca liberta quando recebe nela as primeiras chuvas; na tua voz sentia-se o sal e o sol de todas as praias, em intermináveis dias (...)
Talvez o vento já me tivesse falado de ti. Não um vento qualquer mas uma brisa cálida, daquelas feitas de arabescos que percorrem as estradas secas e quentes das aldeias em tardes cor de âmbar, quando o verão domina os pontos cardeais e nos beirais andorinhas observam (...)
Consegues ouvir-me? Vi-te chegar ainda mesmo antes de saber que te esperava, e senti-te perto, muito antes de ver de perto a demora do impasse no teu rosto calado, e o peso das eras no teu olhar concentrado, cheio de interrogações e admiração. Vi-te chegar sem saber (...)
Chama-me Silêncio. Chama-me Pedra Nua E desenha em mim carateres antigos, De exóticos significados por decifrar. Bombaim, Capadócia, Singapura. Percorre com as tuas mãos lentas os mapas do meu corpo E deita-me na tua noite que se deita em mim também. Fecha os olhos (...)
Eu sei que existem esses lugares secretos. Ficam para lá da hora alta da noite, do bulício das ruas e das gentes apressadas, desconfiadas até da própria sombra. Lugares que são a força motriz por detrás da nossa própria força, e que se encontram bem resguardados (...)
Quero o teu olhar demorado em mim, Mar azul esse teu, Sem marés nem ventos Que moldam ondas. Quero o teu olhar perdido em mim, Sombras frescas de pinheiros E perfume adocicado dos loendros Que decoram ruas íntimas por onde andamos. Quero o teu olhar vagaroso em mim, Pene (...)
O tempo parece parar. Ofereço-te esta lua silenciosa que caminha pelo céu claro da noite como rainha, levando ao seu lado uma estrela incógnita. Está muito calor e a brisa morna mal chega para sacudir as folhas já secas dos plátanos, das mélias e das olaias. O (...)
É o teu olhar, tão cheio dos reflexos do mar quando o sol nele embate desejos e devaneios. É a tua voz, espiral de impulsos e infinito, que ressoa dentro de mim como jacarandás em flor, cascatas frescas de poesia, prosa e verão. É esse teu jeito, jeito de quem (...)