Manhã que chega à minha praceta, segura de si, sem vento nem frio. Sobe o sol imenso acima da linha dos telhados e ocupa todo o campo que se espalha para além do jardim bem cuidado. Recomeça a vida no tiquetaque regular dos ponteiros do relógio, cúmplice da manhã (...)
Ele tinha sonhos. Todos os dias questionava as suas forças e fragilidades, sabendo que delas partiriam todos os caminhos, todas as suas vontades, os seus cansaços, as suas alegrias e celebrações. Ao fim do dia, desde sempre, ele sentava-se em frente ao crepitar da (...)
Um dia levarei para longe tudo o que está a mais. Levarei receios, cansaços, dúvidas, tudo será levado para longe, através de caminhos soltos e leves. Serão estados de alma entregues ao vento, como um balão solto da mão de uma criança risonha, para o alto, onde (...)
Costumas voar peregrino por descampados, onde a erva solta agarra geadas intemporais que o sol há-de capturar a si. Deixas cair de ti, cá em baixo, a tua vaga sombra, quando voas lá no alto, onde ventos frescos e sólidos sopram nomes que não conheces. É quando planas (...)
Nada me encanta mais do que aquilo que eu sinto quando após o cinzento dos dias brilha a luz do sol. Algo maior que eu, que todos nós, lembra-me que ainda é possível acreditar, que o sonhar nem sempre é em vão e que temos direito a sermos nós mesmos, com tudo o que (...)
Deixa-te ficar neste embalo cadenciado da chuva que cai. Deixa-te estar, amor, ao meu lado, enquanto gotas brilhantes sorriem ao cair tontas de alegria de um apaixonado céu. Posso aconchegar-me a ti, no calor selvagem que do teu corpo se liberta? Escuta! Ainda cantam, (...)
Abre-se a tarde em luz. Um sol tímido espreita, finalmente, entre nuvens que ainda marcam presença num céu frio e impiedoso. Do lugar alto onde estás, ficas completamente absorto nessa paisagem sem fronteiras. Misturas-te com os montes e a vegetação, as pedras e os (...)
Há dias assim, em que a madrugada queda-se num silêncio sem forma e a infinidade de tudo parece nada abarcar. São horas paradas, leves e mal definidas, as da madrugada. Sonhos, dos que ainda no seu leito descansam, misturam-se às neblinas frias e silenciosas que sobem (...)
Quebram-se em raios de luz todas as sombras. Lâminas afiadas feitas de sol descem ao solo onde a tua alma ainda descansa, embrulhada em mantos de folhas soltas. Tens o cheiro da terra fecunda, fresca, húmida e macia. Repousas a cabeça nos dentes-de-leão e trevos que (...)