Teia
Prendem-se na teia sentimentos,
O dito e o não-dito,
O pensamento distraído e absorto
De quem deixa a mente divagar
Por espaços escondidos da alma.
É um reencontro de si mesmo,
Chegar a lugares que ondulam
Como finos fios tecidos
Num tempo e num espaço alheios ao aqui e ao agora.
Não sei quem teceu tal teia,
Crua, fina, nua,
Em perfeito caos
Que agarra segredos meus
Deixados na luxúria das noites!
Mas não me importa...
Olho subtil a teia,
Deixo tudo fluir em mim
E em meu redor.
É a ambiguidade da força e da fragilidade,
Que cabe em opostos que se atraem,
Completam
Em complexos fios ousados
Que não sei ainda
Se prendem ou se libertam...
Deixo a teia entregue à luz,
Aos seus mistérios
Em horas impensáveis sem lugar.
Há-de resistir.