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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

Flor de Inverno

26.11.20 | Sandra

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Estremece a flor sob o peso da madrugada que, como amante, se deita no seu corpo nu e frágil.

São gélidas as carícias que a geada deixa nas suas cores desbotadas, e há muito que o seu perfume se misturou com névoas arrepiadas que vêm de longe e tudo alcançam.

A cada branco amanhecer do longo e impiedoso inverno, fecha-se a flor ainda mais sobre si mesma e, à pressa, recolhe sob as suas pétalas os últimos desejos, as derradeiras forças que resistem vergadas à hora fria e ao vento inquebrável.

Mas invariavelmente o inverno passará. É nessa certeza que a flor tudo suporta, apenas e só apenas para continuar a ser aquilo que nasceu para ser:

Flor, sempre flor!

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