O avançar silencioso da manhã espalha palavras transparentes por aqui e por ali, no jardim ainda rendido à preguiça da noite passada. Uma flor chama-me a atenção, a mais bela entre todas. Rende-se ela à luz envolvente que lhe sacia cada uma das suas ávidas pétalas. 
Revejo nas suas tonalidades várias os instintos primitivos, secretos, íntimos, que a trouxeram de longe até aqui, só para despertar e ser flor. Não resisto, faço-a minha: pétalas e folhas, recortes e recantos, a luz sumptuosa e macia que nela descansa.

Faço-a minha, e quando a estação passar a primavera continua viva em traços de flor, que és tu afinal.