Tua
Acordei muito antes das chuvas, antes de todas as eras que ficaram para trás, num caminho absoluto entre mim e os dias do mundo por contar. Porque afinal os séculos têm a dimensão dos minutos que correm loucos nos passeios molhados pela chuva fria, e os minutos estão cheios de todos os séculos que se arrastam pelo tempo como grandes manadas ao longo da floresta virgem. O agora decifra-se, decompõe-se e recompõe-se. O oculto, o abismo, a dimensão espiritual atada com nó cego a um lado nosso físico, carnal. E agora só quero amar, amar-te muito e mais um pouco, mais ainda se possível, numa lucidez intemporal. És tu reencontro, reconhecimento, recordação feita jogo de espelhos quando um fogo se espalha pela alma. Poesia e prosa entrelaçadas numa só única palavra, nunca antes mencionada. E o mundo agiganta-se perante um coração que se faz de novo pequenino, o meu. Porque é ele de menina, mulher... tua.