Vamos os Dois?
O sol cai promíscuo de todo o lado ao mesmo tempo. Somos peregrinos neste momento de encontro e reencontro, celebrado pelo zumbido dos insetos que se escondem na erva seca do verão. Não tenhamos pressa. Vamos os dois na manhã que começa?
Os dias ainda são promessas, e a luz ainda é feita dos vagares indolentes da estação. Deixemos pois que as horas nuas repousem à sombra esverdeada do arvoredo, e que a nossa ansiedade contida se desfaça aos poucos nos reflexos das águas imóveis e cheias de vida.
Na claridade que quebra espaços omissos ao nosso redor, o calor entranha-se fundo nas palavras imensas que trocamos, e as nossas mãos tímidas procuram-se num querer que se reconhece enfim, aceita.
Aves escondidas já adivinham o abraço que te quero pedir. Deverei ousar eu tanto? Sustenta pois o meu olhar e deixa que, envoltos na natureza sejamos o que essa mesma natureza nos ordenar. Não sei se serei alma pura, signo balança, mas serei, certamente, menina-mulher.