Vento em Ti
Faço-me vento e parto em busca vã de ti. Sopro nos caminhos que percorres, todos eles feitos papel em branco, onde as palavras que escreves são pedaços escorridos da tua noite e estilhaçam tudo por onde passam.
Há esquinas que sabem de ti, conhecem-te o peso dos passos e das letras, reconhecem o deambular das horas tuas que não sei traduzir. Passo por elas, pergunto por ti: não sabem onde estás.
É quando me transformo em vento alísio, decidida a deslizar sempre nas madrugadas ensonadas que te veem dormir, no perfume da chuva macia que um dia há-de entrar pela tua janela aberta, no céu noturno que te compreende melhor do que eu.
Se um dia me sentires por perto, só por uma única vez, fica quieto, para que eu seja finalmente brisa costeira, e ainda tímida, te possa abraçar, ser transparente vento em ti.