Viajante do Mundo
Ao viajante do mundo, a quem dedico este meu blog...
Ainda não parou de chover, uma chuva vagarosa e demorada. A Serra dorme profundamente, e o mar do Guincho está parado. É fácil sentir todo o peso da noite alta e do silêncio ao nosso redor, onde sobressai o cheiro da terra molhada, do musgo, da resina dos pinheiros. E a escuridão acima de nós é imensa...
Candeeiros de rua mandam calar passeios, estradas, telhados molhados, esquinas vazias - porque é tarde. O canto de aves notívagas acompanha os nossos passos pela hora avançada da noite que nos conduz de regresso à tua propriedade. Pelo caminho falas-me dos lugares do mundo por onde andaste (foram tantos!) e, sem o saberes, levas-me a outros sítios por onde eu andei e que só eu conheço...
A tua sala acolhedora. Temos pela frente o arrastar do tempo que se estende até à madrugada que há-de clarear os céus, trazendo no peito o peso fecundo das nossas palavras não ditas. Ainda...
Por ora sou todos esses lugares que visitaste, e enquanto lá fora a chuva continua a cair deixo que me descubras devagar, com dedos peregrinos que se passeiam por um corpo feito das horas transparentes que passam por nós. E passo a chamar-te Viajante do Mundo.