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Sílabas à Solta

POESIA | PROSA POÉTICA

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A Chegada das Andorinhas

30.08.20 | Sandra

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Pela manhã bem cedo, enquanto à janela da cozinha espreitava como estava o tempo, tive a alegria de vislumbrar algo que adoro e não esperava encontrar: andorinhas!
Um pouco desconfiada por vê-las nesta altura do ano, e a pensar se não seria outra espécie, concluí que tendo em conta as alterações climáticas existentes era bem possível serem essas aves que admiro tanto.

O micro-ondas deu sinal avisando-me que o meu café com leite já estava quente, mas as andorinhas tinham captado por inteiro a minha atenção. Agora sim, já tinha a certeza do que via: andorinhas, de facto! Todos os anos, pela primavera, sou brindada com a sua presença, embora este ano já me tivesse interrogado por várias vezes onde estariam elas, ou se voltaria a vê-las sequer. Mas hoje aqui estavam de novo, vestidas de preto, azul escuro e branco, com as suas asas típicas e a cauda inconfundível, passando a alta velocidade em voos rasantes à minha janela. Quase que me tocavam a cara, enquanto faziam manobras verdadeiramente dignas de um caça F-18! Tenho a certeza que a indústria aeronáutica aplica, no fabrico dos seus modelos, dados e técnicas resultantes do estudo da vida animal.

Este bando que vejo é grande, as aves majestosas, firmes, determinadas e focadas na sua busca incessante de alimento. Parecem quase agressivas! Como a sua época oficial do engate, do namoro e construção de ninhos já ficou para trás, só podem estar à procura de insetos mais distraídos que serão capturados em pleno voo e levados às suas crias. Dizem que as andorinhas não podem aterrar, as suas patas não estão concebidas para tal. Tal como só podem viver em liberdade, pois em cativeiro definham e morrem. Defendem também que estas aves acasalam e nidificam sempre com o mesmo parceiro. Mas, facto cientificamente comprovado, algumas espécies gostam de ocasionais, secretas, breves e deliciosas relações extraconjugais.

Questões sexuais (e sentimentais) à parte, sou fã desta espécie de aves que migrando persegue o calor, andorinhas que me transportam à minha infância e que adoro ver para cá e para lá atarefadas, chiando em tons altos e agudos, indiferentes à minha presença. Se não fosse o meu café com leite estar a arrefecer, juntamente com o meu corpo recém-saído do calor da cama, teria ficado mais tempo à janela, a vê-las focadas nos seus afazeres. Mas estas minhas amigas vão ficar ainda algum tempo por cá, voando, chiando e petiscando, até um dia, misteriosamente, desaparecerem para dar lugar às folhas de outono, com tons cruzados entre o amarelo, o laranja e o vermelho. (Ai, o outono!).

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